O que você ouvirá e verá neste programa são histórias de movimentos musicais perdidos no limbo, que sempre estiveram a frente de seu tempo.
Falaremos um pouco da trajetória de bandas desconhecidas e completamente raras para a maioria dos ouvintes.
Em comemoração ao Natal, o Circo Circuito decidiu prestar uma homenagem diferente.
Por ser uma data cristã, decidimos bolar um programa com o que havia de mais obscuro no rock dedicado à Jesus Cristo.
Quando tivemos esta idéia, imaginávamos se tratar de um tema muito pouco explorado e com pouco material, mas revirando nossos acervos encontramos várias pérolas e decidimos incluir as mais curiosas e lisérgicas que citavam o nome de Jesus em suas letras.
E ficou assim...
Músicas:
Wilson Lee – O Farizeu;
Conjunto Desafio Jovem - Jesus cristo é nosso rei;
Depois de longas férias, estamos de volta com mais um programa Circo Circuito. Desta vez, voltando aos primórdios do rock brasileiro.
Prestamos uma singela homenagem aos primeiros roqueiros brasileiros, numa época marginal, sem glamour ou purpurina... com faixas muito curiosas! Um pouco do som jovem do final dos anos 50 e início dos 60.
Sempre torci o nariz para bandas que, mesmo com oportunidade
e capacidade, preferiam gravar covers a canções próprias. Mas sempre existe uma
exceção, neste caso, a banda Watt 69. Esta barreira, que eu mesmo criei, foi
quebrada após a primeira audição do único LP deixado pelo grupo e depois disto
iniciei uma busca por informações que traçassem a trajetória deste grande
conjunto dos anos 60.
O Watt 69 iniciou sua
trajetória no bairro Jardim Europa, na cidade de São Paulo, e inicialmente era
formado por Mario Cerveira Filho (bateria) e Sylvio Caruso (baixo), Marcio Correia da Silva (guitarra base e cantor), Clodinho
(guitarrista solo), e Paulo Sartorelli, nos vocais. Ainda nos anos 60.
Mario era um assíduo freqüentador das domingueiras do
Clube Pinheiros além de ser colega de classe do Nenê,
dos Incríveis, que lhe apoiou no início de sua carreira musical. Mario adorava música desde criança, e o fato de ser
bisneto do Maestro Cardim, alimentava ainda mais este desejo. Nesta época (por
ser sócio do Clube Pinheiros), conhecia Dudu França (do Colt 45), que lhe
apresentou Zeca (baixista da banda), que por sua vez lhe apresentou ao Sylvio
Caruso. Estava formado o conjunto. A curiosidade desta época é que Mario já
havia tocado em outro grupo chamado “US” (um “conjunto de garagem”), que até
onde se sabe, não deixou nada gravado.
O curioso nome do novo grupo
surgiu enquanto Mario e Silvio tomavam um whisky chamado VAT 69, e após
algumas doses, decidiram pela alcunha que misturava o nome da bebida com algo
relacionado à força ou amperagem.. Decidiram deixar o 69 para ser confundido
com o nome do whisky e ao mesmo algo “sexual”. Pronto, o nome do grupo era
Watt`s 69.
Nesta época tocaram muito em aniversários de 15 anos e na
boate Sallum, que ficava nos fundos de uma galeria localizada na Rua Augusta,
um lugar que fervia com a juventude da época. Tocavam Jonny Rivers, Beatles
etc., sempre se preocupando com a parte vocal, que era e ainda continua sendo,
primorosa. Afinal, escutavam e tocavam muito Beach Boys.
Mario tinha apenas 15 anos e mesmo assim conseguia dar um
jeito de tocar na casa, sem o dono desconfiar de nada.
O grupo também passou a fazer
shows em navios, indo e voltando de Manaus, Angra dos Reis dentre outros
destinos. Os “animadores dos navios” da época eram: Carlos Zara e a dupla
Vadeco e Odilon (muita famosa na época, com programas de televisão).
Foi ai que o Watt 69 conseguiu
fama e muito trabalho. Tocavam até em réveillons, e enquanto todos se divertiam
e se abraçavam, desejando um feliz ano novo ao som de “Adeus amor eu vou
partir”, a banda chorava em “coro” sem poder se abraçar. Mas tudo valeu à pena.
Nesta fase a banda passa por uma nova mudança,
com a entrada de Zeca (que vinha do Colt 45) para substituir Marcio, Ignácio
também sai da banda e Sylvio passa para a guitarra base, Lotcy para os teclados
e Bob (Roberto Rosa) nos vocais.
Haveria ainda outra mudança,
aquela que seria a formação clássica do Watt 69, com Sylvio no baixo, Mario na
bateria, Lotcy nos teclados, Bidu (Jorge Adamo) nos vocais e Marcos “Vermelho”
Ficarelli na guitarra.
Foi com esta formação que fizeram
fama no Círculo Militar e gravaram o Lp homônimo em 1971 pela gravadora
Continental. Vale lembrar que nesta época a banda já atendia pelo nome de Watt
69, que era mais fácil de pronunciar, mas, mesmo assim o disco foi lançado como
Watt`s 69.
Marcos Ficarelli, já tinha
experiência nos estúdios de gravação, e era um dos músicos mais requisitados
pelas bandas de garagem da época. Já havia gravado com os Top Sounds, um raro
LP instrumental, e também com o Código 90, um grupo underground de São Paulo
que deixou apenas um compacto gravado. Mas foi com o Loupha que fez sucesso,
afinal a banda foi finalista e ganhou o prêmio da Jovem Guarda.
O LP apresentava clássicos do
rock norte americano e europeu, mas com uma roupagem moderna e ousada. Nem
precisa dizer que é um dos raros Lps do rock brasileiro. O disco abre com o
“Satisfaction”, e com certeza uma das versões mais curiosas onde a banda
mistura o beat dos Stones com a latinidade de Carlos Santana e a pitada ácida
do que havia de melhor no Rock Progressivo que dominava a sonoridade dos grupos
mais antenados.
Nesta época a banda tinha diversas músicas próprias, sempre
composições em inglês, por preferência dos integrantes, porem não tiveram
oportunidade de gravá-las. A Continental
e o maestro Pocho, impuseram a maioria das músicas, e outras foram escolhidas
pela banda após muita insistência. Mas nos shows a dosagem entre as versões e
as músicas próprias era perfeita.
A gravadora não divulgou o disco,
como deveria, mas mesmo assim as 1000 cópias iniciais foram vendidas
rapidamente. A banda tinha uma agenda lotada e diversos fãs, afinal era uma das
atrações principais no disputado Circulo Militar, um dos maiores sonhos do Watt
69 estava realizado! E, assim, ficaram conhecidos como ”os reis das
domingueiras”.
Nos clubes mais famosos, tocavam
apenas as melhores bandas como Som Beat, Kompha, Memphis, Sunday, Módulo 1000,
para citar alguns. Estas bandas também possuíam os melhores instrumentos e o
Watt 69 não estava de fora. Na época o proprietário da Goppe (Henrique) fez
especialmente para a banda uma bateria toda transparente e depois uma toda
preta.
Utilizavam também amplificadores
Marshall, os Palmer feitos “à mão” pelo grande “Sossego”, como também, os valvulados
feitos pela CSSound do Carlinhos e do falecido Salvador, mesas de mixagem da Altec, Neve e Putnam,
câmaras de eco etc. Isto tudo ainda na década de 60!
Já nos anos 70 era um pouco mais
fácil conseguir a aparelhagem ideal, o Mariano utilizava uma Fender
Stratocaster, às vezes uma Gi bson SG e pedais de distorção ColourSound. O
baixista Sylvio teve um baixo Baldyn e
um FenderJazzbass, havia o Holland de
Lotcy e o Mario começou a ter todos os tipos de baterias importadas. Show!!!
Outras mudanças ocorreriam com o grupo, Sylvio voltaria para
o baixo com a entrada de Mariano na guitarra solo. Sai também Bidu para a
entrada de Flavio “Pinta” nos vocais, Gel sai da bateria para deixá-la com Juba
(Roberto Garrido Rangel/Joelho e Porco e depois Blitz), e ainda a entrada de
Gabriel Tomaselli nos vocais, no lugar do Flávio.
São desta áurea fase as músicas “She`s my woman”, “Suzy “ e
“Love can you love”, de autoria da banda. Em 1976 duas destas canções foram
gravadas e lançadas em compacto simples, porém sem muita notoriedade. A banda
ainda participaria de um curioso split, de um lado Valdic Soriano (?!) e do
outro Watt 69, hoje um compacto raro e desconhecido, lançado pela gravadora
Continental com uma das faixas do LP, “She`s a lady”.
Durante as décadas de 80 e 90,
continuariam tocando, porém com menos intensidade. Cada integrante seguiu
caminhos profissionais diferentes, mas o amor ao rock and roll sempre
permaneceu aceso. Foi quando no início de 2000 foram convidados a participar do
evento Rock and Roll Celebration, juntamente com as bandas Sunday, Lee Jackson,
Memphis e Kompha. Este projeto foi produzido pela Abril Music que lançou três
CDs e um DVD para registrar o momento.
Em 2007 lançariam o tão esperado CD independente, com um
repertório cheio de canções de amor e clássicos do rock, com a produção de
Mariano Gordinho. Este material está disponível no site da banda: http://www.watt69.com.br
E para quem pensa que acabou por
ai, está enganado. O Watt 69 continua na ativa, tocando o melhor do rock
internacional nas melhores casas noturnas do Brasil e do exterior. Sempre com
um ótimo repertório e com ótimos músicos (com dois integrantes da formação
original, e Mariano Gordinho, que está com a banda desde 72).
Por isso vamos celebrar o Rock
and Roll e prestigiar esta grande banda, que está viva desde os anos 60. Afinal
não é todo dia que se vê um grupo da áurea fase do rock, tocando até hoje.
Realmente não é para qualquer um.
Agradecemos a colaboração de: Mario Cerveira Filho e a banda Watt 69; Nelson (grande amigo).
Nesta edição o Circo Circuito desenrolou um papo com a banda
Os Skywalkers. Oriundos da Zona Leste paulistana, há 14 anos se projetam no espaço do rock brasileiro.
Muitas faces e fases embarcam nesta viagem. Na bagagem, festivais, programas de TV´s e muitos shows pelo Brasil, conquistando um público fiel.
Conversamos sobre as primeiras formações, ainda nos anos 1990, onde a banda refletia a Psicodelia sixties.
Resgatamos um pouco desta bonita trajetória da banda que, ao longo destes anos, com personalidade, criou sua própria forma de fazer rock, com letras que embalam o cotidiano e que tropicalizam à sua moda os aflitos e delírios jovens desta metrópole.
Correndo atrás do perigo (2002) & Zenmakumba (2005) lançados pelo selo Baratos Afins.
Você pensa que esta história está no fim?! Estás muito enganado!
Falaram sobre suas perspectivas, mais afinados do que nunca, trazendo consigo um novo repertório. Pedro Bizelli, Rafael Roque e Rodrigo Lobatto, estão em plena forma e com uma nova formação: Alexandre “Alopra” Romero, ex-Haxixins, assumiu os teclados, formando um quarteto de respeito.
Vida longa aos Skywalkers!
Aperte o play nestes 2 blocos e embarque com o Circo Circuito!
Há tempos, imaginávamos uma homenagem a Jorge Ben.
Procurávamos algo diferente, à moda do programa. Algo muito difícil, pois uma figura tão mística já está cercada de homenagens.
Começamos a separar os compactos e nos deparamos com algumas curiosidades, músicas compostas por Jorge que não foram registradas em sua voz (ou pelo menos não conhecemos).
Separamos aquelas que mais o sintonizam, seja pela batida percursionista inconfundível do violão, ou a letra, que traz a veia BEN.
Aprecie esta bela seqüência recheada de swing! Pegue sua nega e arraste a cadeira, tire a sandália e aproveite o groovie que só o Circo Circuito traz para você!!!
Há exatos 90 anos, no Teatro Municipal de São Paulo, ocorria a lendária Semana de Arte Moderna de 1922, festival que deu início a uma revolução na arte e na cultura brasileira, rompendo paradigmas nas artes-plásticas, literatura, poesia e música.
Victor Brecheret, Oswald e Mário de Andrade, Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e muitos outros contribuíram para esta nova forma de nos enxergarmos.
Um momento em que a arte brasileira colocou um espelho ao lado de sua janela. Não deixamos de enxergar o mundo, mas aprendemos a nós reconhecer, a enxergar nossa diversidade artística e cultural.
Arrancaram-se as cortinas e encontramos nossa grande riqueza: a miscigenação.
A semana de 1922 foi apenas um primeiro passo. Completamos 90 anos em plena mutação, seu reflexo na arte, literatura e poesia é extenso e claro. O que dizer de Paulo Leminski? E do Afro Samba de Vinícius e Baden Powell? Glauber Rocha... São alguns exemplos que esses reflexos estão vivos e presentes.
O SESC Vila Mariana preparou uma homenagem em comemoração, Ecos da Semana de 22, com oficinas em literatura, cultura digital e artes plásticas, todas ligadas ao tema. Uma grande ideia. E nesta salada, a música não poderia ficar de fora. Haverão homenagens a Villa-Lobos e ao maravilhoso Teatro Lira Paulistana, que se tornou um movimento, nome inspirado no livro de Mario de Andrade.
E, representando com estilo o Tropicalismo estão Os Skywalkers, à moda Tropitralista, farão um show especial.
No repertório há Mutantes, Caetano Veloso etc., revivendo um momento folclórico do nosso rock.
Taí! O Circo Circuito recomenda!!!
Quando, onde & quanto:
Dia 15/02 - Quarta, às 20h30 SESC Vila Mariana(Rua Pelotas, 141- tel.: (11) 5080-3000) R$ 12,00 [inteira] R$ 6,00 [usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante] R$ 3,00 [trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes]