sábado, 27 de agosto de 2011

Programa Circo Circuito - "Os Inclassificáveis"

A musica brasileira é cheia de surpresas e mistérios. Muitas obras dos anos 60 e 70 foram redescobertas após décadas de ostracismo, e nem por isso são consideradas ultrapassadas. Pelo contrário, muitas são consideradas ultra modernas, mesmo nos dias de hoje. Um bom exemplo disto é o mestre Tom Zé, que foi resgatado por David Byrne, o líder dos Talking Heads, experimentalista ao extremo e um grande apreciador da música brasileira.

Se a ordem da vez é raridade máxima, este é o programa! Começamos apresentando Pedro Santos e seu Krishnanda, uma obra excepcional com sonoridade completamente diferente de tudo o que você já escutou. Pedro santos, ou “sorongo” foi um músico que trabalhou com muita gente, responsável, por exemplo, pela criação do instrumento Tamba, utilizado por Hélcio Milito nos discos do Tamba Trio. Toda sua obra é super existencialista e possui alguns instrumentos de percursao muito curiosos, que dão um ar de “sagrado” ao LP, a começar pela sua capa.


Outro disco conhecido por poucos é da Orquestra Afro-Brasileira, grupo liderado pelo mestre Abigail Moura. Diz a lenda, que nos concertos da Orquestra, aconteciam coisas estranhas e muita gente comparecia apenas por curiosidade e pelas exentricidades das apresentações. Um trabalho digno da cultura africana, porém, traduzida para o Brasil. Se você pensa em adquirir um exemplar, prepare o bolso, pois ele vale uma grana e nunca foi relançado. Existe ainda um outro LP (talvez ainda mais raro) lançado nos anos 50 pela gravadora Todamérica.



Seguimos com o conjunto Free-Son, este não temos muita informação, apenas o texto da contra capa e a pretensão do conjunto em dar uma “nova cara à música brasileira”. E não é que conseguiram?! Realmente um disco para poucos, a sonoridade é africana, porém, com altas doses de guitarras psicodélicas e uivos do além. A música selecionada (Zoombie) até arrepia. O curioso é que o disco foi lançado por uma subsidiária da Chantecler (especializada em rock e jovem guarda), chamada Solar (não confundir com a Solar do nordeste).


E para finalizar temos ainda Walter Franco, o rei da esquisitice musical. Chegou a defender uma música (ou anti-música) no festival internacional da canção em 1972, patrocinado pela Rede Globo. Saiu como vitorioso, após duvidosa votação dos jurados, que incluía Nara Leão e Rogerio Duprat. Teve até gente que foi parar na prisão após o fato.


Walter Franco merece um programa a parte, e isto com certeza faremos em um futuro breve!

Nesta linha musical (ou não) existem muitos outros conjuntos ou músicos: Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, Jards Macalé, Hermeto Pasqual (este talvez seja o maior de todos), Rogério Duprat, Jorge Mautner e muitos outros. Alguns chamam o estilo de experimentalista, outros de esquisito. Por isso preferimos não rotular e mostrar as pérolas mais raras desta “onda”, aquelas obras que mais gostamos e que são inclassificáveis.

Estas obras dificilmente são encontradas no Brasil. No passado, foram descobertos pelo mercado internacional de discos e colecionadores, o que fez com que sumissem das prateleiras. A maioria delas está nos Estados Unidos, Japão e, principalmente, na Europa. Talvez devido à crise internacional algumas são encontradas nas lojas especializadas de discos. Enquanto você não acha o seu, confira aqui no canal do Circo Circuito, basta clicar no vídeo.

Abraço e boa viagem!!!



Programa Circo Circuito
A Luta não para!