segunda-feira, 5 de abril de 2010

A obscura vida de Johnny McCartney

No inicio dos anos 70 ninguém mais duvidava que o mundo estivesse virado do avesso, os Beatles não existiam mais, Roberto Carlos cantava os caracóis de Caetano, Erasmo celebrava sua esfumaçante amizade com Maria Joana, os Mutantes fervilhavam com seus olhos de diamantes e Jorge Ben já adorava sua Fender.

O cometa “acid” explodiu no Brasil devastando a simplicidade da Jovem Guarda. Alguns resistiam bravamente, mas aos poucos uma geração de artistas foi desaparecendo do cenário pop.

Com Gileno Osório não foi diferente. Ele ficou conhecido nos anos 60 por ser um dos integrantes da famosa dupla Leno e Lílian. Em 1968, com o fim da dupla, Leno inicia sua carreira sólo, porém sem grande sucesso de publico.

1971, neste ano, Leno faz uma parceria histórica com Raulzito, que mais tarde adotaria o nome de Raul Seixas em suas composições. Raulzito fazia parte do grupo de produtores da CBS, compôs e produziu com Gileno e a banda A Bolha - o que, sem dúvida, veio a ser um dos melhores discos da história do rock brasileiro, o obscuro “A vida e obra de Johnny McCartney”.

Lançado em compacto duplo, apresentando apenas quatro faixas, o disco não obteve sucesso imediato e quase foi esquecido completamente, já que seu lançamento nunca aconteceu efetivamente.



(raríssimo compacto de Leno produzido por Raul Seixas)

Essa pérola ficou por 24 anos nos arquivos da CBS, até ser reeditada em 1995 pelo selo de Leno, a Natal Records. O disco foi gravado por completo, tendo suas doze musicas e ainda com direito a um bônus track.

Com pouquíssimas cópias, este CD é tão disputado quanto o compacto original pelos colecionadores, que chegam a pagar boas quantias por um exemplar.

A Primeira Faixa “Johnny McCartney“ mostra o quanto ele era moderno, pendendo para uma sonoridade mais Led Zepellin do que Beatle, isto é, uma pegada setentista. O lado romântico do disco em “Por que não?”, “Lady Baby” e “Convite para Ângela” vem de uma parceria de Leno com Raulzito.

Outra faixa maravilhosa é “Peguei um Apollo” (peguei um Apollo na esquina e sai viajando por ai...), a musica é de Arnaldo Brandão, que fazia parte do A Bolha. Destaco, também, a faixa “Não há lei em grilo city” de Leno e “Sr. Imposto de Renda” de Leno e Raul, trazendo à flora o espírito anárquico do disco.

O disco é bom por inteiro e ainda traz a faixas “Contatos Urbanos” do húngaro Ian Guest, parceiro de Raul e Sergio Sampaio e “Bis” mais uma parceria de Gileno e Raulzito.


(Lipa e seu arsenal discográfico)

Infelizmente não é possível encontrar estas reedições tão facilmente assim. Em alguns sebos especializados, localizados na região da Galeria do Rock em São Paulo, com alguma sorte, você poderá encontrá-lo (mas, por um preço bem salgado). O que vale à pena, pois este é, sem dúvida, um grande disco do rock nacional e um passo importante para Raulzito se tornar Raul Seixas.


Tiago
Programa Circo Circuito

http://www.youtube.com/circocircuitoprogram

A Luta Continua!

2 comentários:

  1. Olá Tiago, aqui é Angelo. Foi um prazer conhece-lo ontem na Feira de Vinil do Tangerino. Tive a sorte de encontrar este compacto do Leno, que eu já desejava há muitos anos. Capa e vinil super-conservados. Reparem que Raul Seixas reaproveitou a "melodia" de "Convite para Angela" anos depois em "Sapato 36". O Raul era um perito em plágios e versões, inclusive dele mesmo. Só para citar um exemplo que reparei certa vez: a guitarra de introdução de Matamorfose Ambulante é idêntica a introdução que Johnny Rivers fez para "Hey Joe", do Hendrix. Salve Raul!

    ResponderExcluir
  2. Valeu Angelo!!! vc chegou minutos na minha frente e pegou o compacto... rsrsrs... mas ja estava predestinado, faça bom proveito pois é um disco maravilhoso e muito raro!!! Fique em contato!!! abs. Tiago

    ResponderExcluir